domingo, 25 de outubro de 2009

INTUIÇÃO AMORFA 4



Penso que a peça deva ter momentos de beleza trágica³. Pretendo que a peça tenha uma construção pictórica. Que tenha crueldade. Violência, vingança e sacrifício. Concordo com o Marcelo, quando ele aponta que a tragédia se dá um mundo fechado em si mesmo, e mostra fotos da montagem “Les Atrides”, de Ariane Minouchkine, onde ela ambienta a Orestéia em algum lugar de uma Índia ancestral. Que mundo seria o nosso? Como construir este universo em volta do público? Num hospital? Já foi usado. Num tribunal? No Palácio do Governo? Numa igreja? Já foi usado. Tudo já foi usado. O quê não foi usado? Interessa não usar o que já foi usado somente porque já foi usado? Algum prédio que lembrasse a violência. Hospital. Prisão. Prédio onde aconteceram torturas. Cemitério? Que local instalaria este mundo especial e fechado e, de preferência, carregado de magia, carregado de uma energia forte que possa auxiliar a comunicação da peça com o espectador? Pensei num matadouro. Dependendo da arquitetura do lugar poderia trazer para o espectador o contato trágico da matança, bem como uma ligação, uma metáfora, com a destruição do meio ambiente.
Ilustração: Judite decapitando Holofernes, Michelangelo Caravaggio.

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