sexta-feira, 23 de março de 2012

SOLOS TRÁGICOS NO IAB 2

Foi simplesmente um sucesso. Maravilhosa mini temporada de três apresentações. Os numerosos 36 lugares de cada apresentação ficaram completamente tomados. Pessoas voltaram pra casa sem conseguir ingresso. Até mesmo ao queridíssimo professor Flávio Maineri fui obrigado a dizer não, por absoluta e absurda falta de lugar para colocar alguém. 
Na primeira temporada da peça, lá no Cais, foram 10 apresentações, também bastante concorridas. A segunda temporada, feita no Teatro Renascença, foi um rotundo fracasso de público. A peça, em que pese o ganho em beleza plástica, perdeu com a distância entre os atores e o público. Mas, agora, parece que o espetáculo encontrou no IAB seu espaço ideal: uma proximidade quase física com a platéia e, ao mesmo tempo um espaço que encerra a atenção da platéia na peça. A história do prédio exerce seu poder na peça e vice-versa. O espetáculo ganhou, cada um dos solos dos atores repercutiu mais nos espectadores. Cada ator cresceu em seu solo. A beleza das nuances da trilha sonora pode ser saboreada com mais precisão de detalhes. Os comentários da platéia, que chegaram até nós, foram extremamente positivos. Enfim, considero que o resultado foi excelente.
Tão excelente que decidimos, por unanimidade, guardar todo material da peça, pois, quem sabe ela não ressurgirá dos mortos mais uma vez?

SOLOS TRÁGICOS NO IAB

Serão apenas três apresentações. Curtíssima temporada. O local é simplesmente o máximo e tem tudo a ver com a peça. Um antigo porão da ditadura militar recebe um espetáculo que trata de sobreviventes de um desastre ambiental. Lamentável, somente o fato de que apenas 108 espectadores poderão assistir a peça visto que a sala é pequena.  
O elenco vai estar completo com Rodrigo Fiatt, Lucas Sampaio, elisa Heidrich, Isandria Fermiano, Fernanda Petit e Daniel Colin. A trilha sonora será executada ao vivo por Arthur de Faria e Adolfo Almeida Jr. A iluminação é de Claúdia de Bem. Sem falsa modéstia, é imperdível.

SOLOS TRÁGICOS - O RETORNO


Foi aprovado pelo Fumproarte, fundo de apoio à cultura da cidade de Porto Alegre, o projeto DEPÓSITO (15 ANOS) DE TEATRO. Isso significa que SOLOS TRÁGICOS irá emergir das catacumbas e realizar três únicas apresentações previstas no projeto. Foi maravilhoso receber a notícia de que nosso projeto havia sido aprovado em tão concorrida premiação. Este financiamento vai possibilitar que o Depósito de Teatro faça uma mostra de sua produção teatral mais recente, com entrada franca em todos os eventos.
Infelizmente, não vai ser possível que as apresentações sejam realizadas no mesmo local no qual o espetáculo estreou, um espaço ao lado da Usina do Gasômetro, totalmente abandonado pertencente a administração do Cais. Pois, a Superintendência de Portos e Hidrovias, na pessoa do Sr. Vanderlan Vasconselos, vetou nossa solicitação, dizendo que o Cais não é mais deles e sim, da empresa que vai transformar o Cais num lugar para poucos.
Como não conseguimos localizar a tal "empresa", desistimos do local de origem e estamos em busca de um espaço ideal para encena a peça.
(Foto: Luciane Pires Ferreira)

sábado, 28 de maio de 2011

AGUARDANDO NOVA CHANCE

Em agosto de 2011, o Depósito de Teatro completa 15 anos de atividade ininterrupta. Para festejar a passagem desta data tão importante (pelo menos pra nós), encaminhamos para o Fumproarte um projeto que prevê uma mostra das mais recentes produções do grupo, entre elas, é claro, se encontra SOLOS TRÀGICOS. Se tudo correr bem, e o projeto receber a aprovação final, realizaremos três apresentações da peça em seu local original, uma área abandonada do Cais do Porto, que foi dignificada pela sua transformação em espaço teatral.
Agora só nos resta torcer.

domingo, 10 de abril de 2011

SOBREVIDA NEGADA


Surgiu no horizonte uma bela chance de sobrevida para nosso espetáculo SOLOS TRÁGICOS. Não deu em nada. A chance foi negada. E pasmem: por uma comissão daqui que deixou a peça de fora de um festival feito aqui que é organizado por um grupo de teatro de grupo daqui.
Inexplicável.
Em algum dos posts deste blog, falo da dificuldade de manter em cartaz espetáculos que viajam por uma vertente mais, digamos, experimentalista. A chance de manter o espetáculo vivo se vincula principalmente a possibilidade de participar de festivais.
Enviamos propostas para muitos festivais. Apresentamos apenas no Porto Alegre em Cena, que não quis bancar a peça em seu espaço original quando muitas vezes constrói espaços idênticos aos originais de outras peças, de outros diretores; e no Caxias em Cena, que teve a coragem e o entendimento de nos colocar num maravilhoso espaço-cenário ao ar-livre.
A grande chance daquilo que poderia ser um prolongamento da vida do espetáculo, um retorno à vida, era ser classificado para o “nosso” festival de teatro de rua, que é o 3° Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre, realizado por gente de teatro e que está acontecendo neste momento em vários pontos da nossa cidade. A grande oportunidade que o espetáculo teria de se reencontrar com o público em seu espaço original não rolou. 

Na certa, a comissão (sempre se trata de uma comissão) julgou que nosso espetáculo era híbrido, por haver se apresentado no palco do Teatro Renascença. Pensamento que, além de preconceituoso, é cego. Não percebe que é de rua um espetáculo que nasce na rua, que ensaia e se organiza como espetáculo na rua. É de rua porque investe mais de um terço de seu orçamento em criar condições para que o espetáculo seja apresentado em determinado espaço não-convencional ao ar-livre. É de rua porque teatraliza, dignifica e faz com que o público absorva o lugar com um olhar diferenciado que preenche o espaço de singularidade.
Deixa de ser de rua porque somos forçados a nos prostituir no afâ de dar uma continuidade para a peça. Deixa de ser de rua porque um dos maiores festivais de teatro do país decide colocar a peça num palco. E esta decisão é pegar ou largar.
Bola preta para esta comissão.
Bola preta para SOLOS TRÁGICOS.
Pois é... E daí? Daí que, depois dessa, acho que agora chegamos mesmo ao final. Lamento, mas este é último post deste blog. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SOLOS TRÁGICOS NO CAXIAS EM CENA 2

Enquanto aguardamos respostas de alguns festivais, que decidirão o destino da peça, seu final com, talvez, umas vinte apresentações, publico no blog algumas fotos do espaço onde a peça foi realizada na abertura do Caxias em Cena. Na coluna ao lado estão outras duas.
A Coordenação do festival optou em apresentar para o público caxiense, o espetáculo em sua forma original, ou seja, num espaço não-convencional ao ar-livre. Um espaço que contivesse a idéia central do espetáculo: tudo se passa como se tivesse acontecido um hipotético desastre natural. O espaço deve contribuir neste sentido, permitindo-se ser teatralizado, especularizado, receptivo ao contato do espetáculo. A peça fecunda o espaço que fecunda a peça. A peça transforma um espaço "qualquer" num espaço teatral, dignificando o local. O espaço oferece suporte à verossimilhança do espetáculo.
Em janeiro deste ano, quando estreamos o espetáculo numa área do Cais do Porto, entre a Marina Pública e a Usina do Gasômetro, interferimos cenograficamente no local. Construímos um túmulo e um altar. Colocamos quase 10 toneladas de grandes blocos de concreto e ferros retorcidos.
Aliás, abrir parêntese, trata-se de um local completamente abandonado pela administração do Cais e em litígio de posse entre eles e a adminstração da Usina do Gasômetro que pretendia tomar para si a responsabilidade de adotar a área em questão e dotá-la de atividades, tais como um escola de circo que, entre outros atributos, atenderia crianças em situação de risco. O Cais, parece, venceu o conflito, e pretende vender a área para grandes corporações que vão lotear todo aquele local junto a Marina Pública, e, ao que dizem, o porto inteiro, transformando tudo em shopping, restaurantes e congeneres (a vantagem de não saber se tal palavra perdeu ou não perdeu o acento, é que sei que ninguém sabe também). Fecha parêntese.
Em Caxias, as portas dos galpões foram arrancadas e transformadas em entulhos de uma possível explosão ou desabamento. O lugar ficou perfeito. Certamente, ambos se beneficiaram: o espaço e a peça.  

sábado, 9 de outubro de 2010

E AGORA? É O FIM?


Dúvida cruel. Da saudade só de pensar em não fazer mais a peça. É difícil lidar com este tipo de morte prematura de um projeto. Estamos inscritos em alguns festivais, então, sabe se lá o que vai acontecer. E se formos classificados? Será que todos poderão fazer? Como andarão as agendas?
Aqui em Porto Alegre, a peça somente teria chance de uma nova temporada se fosse no espaço do Cais e subsidiada pela prefeitura, pelo sesc, etc. Nossa apresentação no EmCena não pode ser assistida pelos gestores de outros festivais porque nenhum deles estava aqui no começo. Ninguém escreveu sobre a peça porque ninguém estava escalado para escrever sobre ela. Bom, vamos parar com a choradeira e torcer para que a peça passe em algum festival e a gente possa continuar apresentando por aí.
Na foto de Vilmar Carvalho, Elisa Heidrich.

BRASKEN DE MELHOR ATRIZ

FERNANDA PETIT foi escolhida a melhor atriz/bailarina da quarta edição do prêmio Braskem. Dez ou onze peças concorrem entre si, nas categorias melhor espetáculo, melhor diretor/coreógrafo , melhor ator/bailarino, melhor atriz/bailarina, e a Petit faturou, merecidamente, diga-se de passagem, o troféu de melhor atriz. 
Fiquei muito orgulhoso por ela  e por ter ela no espetáculo. Teve um longo momento em que o Marcelo Adams, que depois saiu da peça, dava o caminho da interpretação da peça. Daí, ele teve um acidente e ficou alguns ensaios de fora. A Petit foi quem assumiu a liderança. Quem parecia entender onde eu queria chegar e apontava o caminho da peça. Ela é, realmente, atriz e bailarina. A nossa bailarina sem uma perna que insiste em dançar. Parabéns, Petit.
Pra um projeto que eu nem sabia como começar até que estamos indo longe.
Quanto ao tal prêmio Braskem, eu sou da opinião do João de Ricardo, e me senti uma besta não tendo falado isso no depoimento que, como participante, fui obrigado a conceder. Me senti constrangido a falar bem da Braskem. Mas, o João falou que prêmio em dinheiro oferecido pela referida empresa, deveria ser dividido entre os "competidores". Eu penso que a referida empresa e a direção do EmCena deviam colocar as dez peças selecionadas pela comissão do EmCena, como o que há de melhor na produção porto-alegrense ou gaúcha do ano em questão e pagar um cachê bem melhor, mais digno, para cada espetáculo. Um cachê de verdade. E, além disso, gostaria que cada peça fizesse pelo menos três apresentações, para que mais pessoas tivessem oportunidade de assistir as peças, valorizando mais os espetáculos locais, e também para que o cachê pudesse ser triplicado. 

NÚMERO 26 - CAXIAS EM CENA

A foto é do Vilmar Carvalho. Na foto, Lucas Sampaio, o Prisioneiro. O solo do Lucas saiu da peça Cruzadas de Michel Azama.

Pois, apresentamos em Caxias. Nossa viségima-sexta apresentação. Na rua. E não choveu. Fomos atenciosíssississimamente, bem recebidos pela Magali Quadros e Ângela Lopes, Coordenadoras do Festival, e pelo sorriso afável do João Tonus, secretario da cultura interino. É como se o Luciano Alabarse fosse o nosso anjo. E o Sergius Gonzaga nosso produtor de palco. Todas as coisas que pedimos estavam lá. Maravilha.
Como a peça trata com algumas poderosas energias contidas na tragédia, aconteceram algumas coisinhas que ameaçaram o desenvolvimento tranquilo do espetáculo, quase nada de comprometedor, pelo contrário, pelo menos um acontecimento, contribuiu enormemente para a eletrização da apresentação. Aconteceu de tudo: alguém disse que a arquibancada estava caindo e provocou um começo de debandada bem perigosa numa grande parte da platéia. O tempo virou. Durante o dia, estava completamente ensolarado, vento sul, uma brisa forte. No meio da peça, o vento virou uma ventania. A temperatura despencou e baixou o frio da serra. Um efeito de luz falhou. Deu problema na hora. E outras pequenas coisinhas.
Mas, um vizinho, que já pela manhã havia prometido invadir e interferir na peça, cumpriu a palavra, e aproximou-se e quase invadiu a área de atuação, o espaço dos atores. A coordenação de evento imediatamente chamou a guarda municipal e a brigada militar. Pois, a presença ostensiva da força policial, que ficou a vista do público, não só intimidou o vizinho, como contribuiu na atmosfera do espetáculo.
A apresentação foi linda. Comovente. Os espectadores aplaudiram com muita força no final. Talvez tenha sido a melhor apresentação da peça até o presente momento.
O cenário colaborou demais. Maravilhosos pavilhões caindo aos pedaços. Destruídos como se tivessem sofrido uma forte ação da natureza. Utilizamos a arquitetura do espaço do início ao fim da peça. A luz do João Dadico ficou muito boa. Efeitos de fogo e fumaça. E mais o tempo se transformando, as estrelas sumindo aos poucos, a noite escurecendo cada vez mais. Foi lindo. Vou conseguir umas fotos e colocar aqui no blog.
Em algum momento do dia, João Tonus me falou que todos aqueles velhos pavilhões de madeira serão transformados num museu contemporâneo e interativo. Algo como o Museu da Puc. Achei maravilhoso, mas mesmo assim eu lhe propus que cedesse pelos menos um daqueles prédios para o Depósito de Teatro e eu me transferiria pra Caxias imediatamente. Parece que a cidade, apesar do crescimento tremendo, ainda sabe tratar bem e admirar os seus artistas. Porto Alegre já perdeu há muito tempo o contato com isso.

APRESENTAMOS NO POA EM CENA

Por um problema de agendas entre os integrantes do grupo, o Teatro Renascença e a programação do EmCena, ficamos apenas com duas opções de datas para nossa apresentação. Tivemos que escolher entre apresentar com a Cláudia de Bem, nossa ilustríssima e importantíssima iluminadora, ou a presença do Arthur de Faria, um dos criadores-executantes da trilha sonora, que cá entre nós, é iluminada. Sentiram o drama? Escolhemos fazer com o Arthur, sabendo que fazer sem a Cláudia, seria um ponto contra. O primeiro prejuízo. Esta foi a sensação geral do grupo: é de que fomos prejudicados por este fato, e novamente,  ao nos colocarem na grade do Festival no segundo dia, "concorrendo" com  Bregovic, Goran para os íntimos, em sua segunda apresentação, e com a estréia do Tobari (Sankai Juku) e Happy Days, dirigido por ninguém menos que Mister Bob, o Wilson. 
Fizemos quatro ensaios antes desta apresentação. Três na SALA402 USINA (sim, o Depósito de Teatro faz parte do projeto Usina das Artes), e um, na véspera, no Renascença.
Os atores cresceram muito. Cada um deles desceu um degrau em direção ao âmago de suas interpretações. A apresentação foi quente. Cada solista foi elevando o nível de eletricidade (sinestesia) com os espectadores que permaneceram como que hipnotizados pelo espetáculo que requer sua atenção e inteligência a  cada momento, seja para descifrar os diversos códigos do espetáculo, seja para contemplar alguns momentos em que a cena se transforma em quadro. 
Amanhã tem mais: vamos apresentar a peça na abertura do Caxias em Cena, com duas grandes diferenças: lá vai ser ao ar-livre, num espaço não-convencional, como fizemos aqui na área do Cais; e vamos ser o único espetáculo da noite. Aliás, só para complementar, este foi o terceiro e maior prejuízo sofrido pela peça no PoA em Cena: a decisão de colocar a peça no teatro Renascença e não em seu local de origem na área do Cais do Porto. Decisão lamentável, principalmente se o fator determinante foi dinheiro. É óbvio que o espetáculo ficaria melhor. Se fosse um espetáculo "de fora" isso não aconteceria.

Foto de Vilmar Carvalho. Disputa de barrigas: Daniel Colin e Lucas Sampaio.

domingo, 29 de agosto de 2010

SOLOS NO CAXIAS EM CENA

Depois que eu ja havia desistido de ver a peça classificada no festival de Caxias do Sul, recebemos um telefonema comunicando que fomos aprovados. Pois é, vai ter SOLOS TRÁGICOS em Caxias do Sul no dia 10 de setembro. Ao contrário da resolução do PoA em Cena de nos colocar no palco do Teatro Renascença, lá em Caxias eles preferiram a versão de rua e vão colocar a peça num espaço ao ar-livre, que foi como o espetáculo estreou aqui em janeiro.
Foto: Vilmar Carvalho.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

SOLOS NO PORTO ALEGRE EM CENA

Maravilha! No início da tarde de hoje seguindo o tweeter do Porto Alegre Em Cena, descobrimos que nosso espetáculo foi selecionado para participar do Festival. Não sem quem colocou a mensagem lá, mas estava escrito: "SOLOS TRÁGICOS - o grande espetáculo do Depósito de Teatro, um dos grupos mais significativos da cidade."  Só para ficar mais tranquilo, à noite entrei no site para confirmar, e lá estava mesmo nossa peça figurando entre os outros espetáculos escolhidos. Vai ser uma única apresentação no dia 9 de setembro no Teatro Renascença. Com exceção da Claúdia de Bem, nossa ilustre ilunminadora, que lamentavelmente não vai poder estar junto com a gente, estaremos com o time completo.  

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A BANCA DE AVALIAÇÃO

FOTO: VILMAR CARVALHO, Elisa Heidrich

Acho que passei. Brincadeira... O trabalho foi aprovado e elogiado por meus avaliadores, Profa. Marta Isaacsson e o Prof. João Pedro Gil. Ambos gostaram dos resultados a que cheguei, no âmbito da direção, e dos pontos que atingimos, enquanto espetáculo. Leram atentamente meu extenso relatório e manifestaram suas concordâncias e discordâncias. Chamaram atenção para pontos positivos e levantaram pertinentes questões sobre fatores que poderiam ter sido melhor solucionados na prática, ou descrito, no caso do relatório. A Profa. Marta destacou o fato do processo ter realmente se desenvolvido como uma pesquisa, e não como apenas a montagem de mais uma peça. No final, congratulações gerais e a certeza acadêmica de que me formo no DAD no final deste semestre.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

SOLOS TRÁGICOS - RELATÓRIO FINAL

Como é difícil escrever... Depois de um mês pensando e mais dois e meio escrevendo, consegui terminar e entregar o relatório final no DAD. Como todos sabem este é meu trabalho de graduação no Departamento de Arte Dramática da UFRGS, Vou receber o título de bacharel em direção de teatral. Minha banca está marcada para a próxima segunda (7/6). Os professores Marta Isaacsson, minha orientadora, e João Pedro Gil é que irão analisar o processo que transcorreu sob minha direção. Os dois assistiram as uas versões da peça, na rua e no palco, e vão poder comentar tanto as diferenças quanto à qualidade das resoluções que tomei ao adaptar a peça para o palco. Vamos ver. Aguardem mais notícias. 

sábado, 29 de maio de 2010

SOLOS CÔMICOS EM GRAVATAÍ

Seria mesmo cômico se não se tratasse de uma tragédia. Seria mesmo cômico se não fosse trágico. No domingo terminou a temporada do Renascença e na quarta faríamos pela última vez o espetáculo, apresentando-nos no maravilhoso Teatro do SESC de Gravataí. Não poderia ter sido pior. Para suprir a falta de divulgação e/ou garantir público para uma tragédia, o pessoal do SESC usou a velha estratégia de convidar escolas. Foi horrível. Esta política já se mostrou desastrosa desde o DAC-SEC, antigo programa cultural que levava peças infantis para o interior do estado..
Mas, para não dizerem que estou cuspindo no prato que comi, pois o SESC foi uma das entidades que nos propiciaram fazer a temporada de janeiro com entrada franca para todos, vou ceder o espaço para uma senhora, natural de Gravataí, que estava presente na fatídica apresentação:
"Absurdo o comportamento do público jovem no Teatro do Sesc de Gravatai, nesta quarta feira. Alunos completamente despreparados para o que iriam assistir, sem nenhum referencial, nenhum interesse, desaproveitando oportunidade e perturbando a parte da platéia que tentava envolver-se no clima de uma peça cheia de citações, de subtextos, de referências. E de uma absoluta atualidade. Eram piadinhas, risadinhas, clima de lancheria de posto de gasolina em noite de sábado. HORROR.
O grave, a meu ver, é que isso me parece consequência de desatenção do pessoal encarregado da distribuição de ingressos. Não é assim que se formam platéias. Adolescentes não estão NATURALMENTE preparados para um espetáculo denso como o que iriam assistir. Um professor de sociologia, de história, de literatura, conhecendo pelo menos a sinopse da obra, conseguiria, sem dúvida, trabalhar esses alunos, levando-os a aproveitar o espetáculo e a elocubrar sobre o mundo. Pena, realmente uma pena, o desperdício da beleza visual, cênica, musical, textual, do trabalho.
Roberto Oliveira é sempre garantia de um teatro impactante e precioso. Nos menores detalhes, na luz, nos tempos, nos cenários, no trabalho dos atores.
Preciosa, a música ao vivo de Arthur de Faria e de Adolfo Almeida.
Perdeu, quem não sabia do espetáculo e não foi. Perderam os jovens, que, despreparados, foram em clima de Zorra Total. Realmente, uma pena... (Rosemary Kroeff de Faria Silva).

domingo, 23 de maio de 2010

TEMPORADA II - DOMINGO

Domingão. Nossa última apresentação. Hoje a peça é às 19 horas. Começamos no horário para uma platéia repleta de artistas. Cheia de jurados variados. Como disse minha amiga Adriane Azevedo, o nosso teatro estava lotado. 50 pessoas. Isso quer dizer que lotamos nos dois últimos dias. Se não fossem as negras laterais vazias...
Começou a peça a o "castelinho" não caiu. Não gostei. Achei mau sinal. Foi bobagem porque tudo saiu bem. A peça esteve mais uma vez correta, com momentos belíssimos. Com textos maravilhosos. Mas, parecia que estávamos sendo avaliados. E estávamos mesmo. Jurados do Açorianos. Curadores do Porto Alegre em Cena. Um dos avaliadores da minha banca. Parece que combinaram de ir todos juntos no último dia. 
A mesa de luz deu problema outra vez. Impossível trabalhar com um equipamento que tem mais de 15 anos de uso praticamente sem manutenção. Aliás, o Teatro Renascença me pareceu mais atirado, mais largado. Usei o teatro em abril de 2009 e voltei agora, maio de 2010. A diferença é notória. Não é só o problema da mesa de luz. Havia mais sujeira no palco e na platéia. Os camarins são muito bem limpos, mas o palco e a platéia não. É o melhor teatro de Porto Alegre e tem obrigação de oferecer as melhores condições técnicas para as produções que recebe e para o público que o frequenta.   

TEMPORADA II - SÁBADO

Foto do final do aquecimento. Elisa, Petit e Rodrigo. Desde ontem parece que conseguimos superar o difícil entendimento a respeito de um aquecimento em conjunto. A resistência foi enorme. Combinamos que no máximo meia hora antes do início da peça todos atores estariam no palco. Estes trinta minutos foram divididos em três tempos de dez minutos. No primeiro tempo o elenco deveria executar movimentos variados, com leveza, sem forçar a musculatura, mas soltando-a. Preparando o corpo para o trabalho. No segundo momento: sempre movendo o corpo, entrar em contato com os movimentos executados pelo personagem durante cada um dos solos. A intenção era dar mais acabamento e precisão aos movimentos e gestos dos atores. Pedaços de textos, experiências vocais, repetição de textos, também faziam parte deste momento. Os dez minutos finais reuniam músicos e atores numa improvisação livre. Movimento e música. Um trabalho para aquecer o conjunto.
Quanto a apresentação desta noite, senti que estava tudo correto mas a peça não cresceu, não conseguiu incendiar o teatro. Batemos nosso recorde de público: 60 pessoas. Tive que correr e liberar mais cadeiras. As laterais continuaram isoladas. A mesa do Renascença entrou em crise e deu problema. Passei um sufoco como operador substituto.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

TEMPORADA II - SEXTA

Nestes dias não pude fazer anotações. Estava com a responsabilidade de operar a luz do espetáculo. Tudo correu bem. as coisas aconteceram. Havia algum barulho nos bastidores. A peça continua linda, carregada de beleza trágica, que era uma dos itens da nossa pesquisa ao realizar o trabalho. Muitos artistas continuam aparecendo pra ver a peça. Também poderia dizer que muitos não têm vindo. E alguns Torcem o nariz. Normalíssimo. Algumas pessoas saem sensibilizadas e outras nem tanto. E outras, nada.E têm aqueles que não gostam. Normalíssimo. Toda unanimidade é burra já dizia o velho Flor-de-obsessão. Foi uma boa apresentação.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

TEMPORADA II - QUINTA

Foto: Fafa Souza
Sucesso total: 30 pessoas. Dez por cento da capacidade do Teatro Renascença. Se continuar assim, no domingo bateremos o recorde de público e vamos lotar a pequena platéia central que criamos no teatro ao isolar as platéias laterais e metade de platéia central. Onde está o público? Em casa vendo tv e comendo pipocas? O que está acontecendo com o teatro, esta arte jurássica em extinção? Formação de platéia e divulgação do teatro são duas coisas que deveriam ser atacadas de frente por qualquer proposta séria de política cultural. Mas, vivemos a cultura do evento. E disso não escapa nossa Secretaria Municipal da Cultura. E a Estadual só escapa porque não existe. Não faz nada em nenhum sentido mesmo. A ausência do público requer ações pontuais. Não será apenas com a limitada divulgação conseguida pelos grupos que vamos trazer gente para os teatros. É claro, que estou me referindo aqui às peças sem apelo comercial.  
Mesmo com a presença de apenas 30 pessoas, já se pode dizer que existia uma platéia. Isso permite que o evento teatral aconteça. A presença dos interlocutores, que mesmo em silêncio, sentados em suas poltronas, fazem a peça junto com os atores. Complementam o espetáculo. Simplesmente com a sua presença criam um clima benéfico para que a peça se afine e se desenvolva. E é isso que vem acontecendo a cada dia. Interpretações, música, luz, movimentação, tudo vai se encaixando. A própria peça parece que vai se fazendo diante e com a platéia. E continuamos em cartaz. Agora só restam 3 chances para ver Solos Trágicos.
SOLOS TRÁGICOS
Sexta e sábado - 21 horas
Domingo - 19 horas
Ingressos = 20 e 10 reais.

TEMPORADA II - QUARTA

Foto: Fafa Souza
Chegamos a quarta-feira. Dia perigoso. Meio da semana. É tido como um dia em que as pessoas não saem. Pois algumas sairam e foram assistir Solos Trágicos. Notei que a peça, já na temporada de janeiro foi assim, vem atraindo muitos artistas para a platéia. Acho isso bom. Sinal de que o teatro que faço interessa aos colegas assistir. Mesmo que seja para apontar defeitos, falhas, ou não gostar. Tem material pra discussão no bar. Difícil é trazer o pessoal do DAD. Na verdade, muitos foram em janeiro. Mas muitos de meus colegas dadianos não vieram ver a peça. Mesmo que seja para torcer o nariz como normalmente fazem. Esta noite operei a luz pela primeira vez. Fiquei muito nervoso. Cometi uns errinhos. Alguns imperceptíveis para a platéia. quase todos perceptíveis para os atores. A peça estava boa. As cenas se sucederam sem problema. e continuamos em cartaz.
ATENÇÃO PARA OS HORÁRIOS E PREÇOS:

SEXTAS E SÁBADOS - 21 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
DOMINGOS - 19 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
SEGUNDA, TERÇA, QUARTA E QUINTA - 20 HORAS - 10,00 E 5,00 REAIS
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Estacionamento no local
Ambiente climatizado

TEMPORADA II - TERÇA


Foto: Fafa Souza.
Terça-feira de frio e chuva. Porto Alegre amanheceu cinza chumbo, molhada. A primeira coisa que pensei quando acordei e vi a cara do dia, foi que, se continuasse assim, ninguém iria ao teatro. E permaneceu. Esfriando e chovendo. Às 17 horas, tive que sair para o teatro. Nem eu, diretor da peça, tinha vontade de sair de casa. Imagine o público. Todos os atores tiveram a mesma intuição que eu. 
Pois, contrariando todos os prognósticos tinha público. Com a ajuda da chuva, que parou ao anoitecer, 23 pessoas sairam de casa para ir ao teatro, e escolheram a nossa peça para ver. Creio que todas voltaram para suas casas satisfeitas com o que viram. Tudo transcorreu bem. Percebi que o público não desviava sua atenção da peça. O espetáculo durou 1 hora e 15 minutos. Quatro minutos a mais do que vinhámos fazendo nas apresentações do SESC. A peça tem momentos impactantes, interpretações com alta carga dramática, e é carregada de momentos de grande teatralidade. Os textos são editados e ditos como enigmas que devem ser decifrados pela platéia. Continuamos em cartaz.
ATENÇÃO PARA OS HORÁRIOS E PREÇOS:

SEXTAS E SÁBADOS - 21 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
DOMINGOS - 19 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
SEGUNDA, TERÇA, QUARTA E QUINTA - 20 HORAS - 10,00 E 5,00 REAIS
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Estacionamento no local
Ambiente climatizado

terça-feira, 18 de maio de 2010

TEMPORADA II - SEGUNDA


Como será hoje? Eles virão? Arredondando, chegamos todos na hora. Começamos nossa preparação. Todo trabalho que é feito todos os dias para que a peça aconteça da melhor maneira possível. Os atores maquiam-se, combinam coisas entre si, concentram-se, aquecem física e vocalmente. Todo o teatro é posto em movimentos. São 19h23. Começa o momento fatídico de esperar o público. Eles virão? Combinamos um aquecimento conjunto de meia hora que deve ser feito na meia hora que antecede o início da peça. Todos os dias tenho que lembrar aos atores a nossa combinação.Às vezes faço isso com calma, às tenho que ser mais veemente, mais ríspido. Ou mais grosso, como eles dizem. São 19h58. Eles virão? Vieram 23. Maravilha. Hoje a peça é que não foi tão boa. Estava cheia de pequenas falhas, pequenas ocorrências que não dão certo. A maioria delas, talvez, somente eu me aperceba. Talvez o público nem note. Mas, energeticamente as falhas estão presentes e atrapalham a concentração geral. E continuamos em cartaz. Abaixo as informações.
ATENÇÃO PARA OS HORÁRIOS E PREÇOS:
SEXTAS E SÁBADOS - 21 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
DOMINGOS - 19 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
SEGUNDA, TERÇA, QUARTA E QUINTA - 20 HORAS - 10,00 E 5,00 REAIS
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Estacionamento no local
Ambiente climatizado

TEMPORADA II - DOMINGO

Cancelado. Apenas 4 pessoas se dignaram a comparecer. Um casal que comprou duas inteiras. Um rapaz que comprou meia. E um amigo que gaanhou um convite. No primeiro dia, sexta, fizemos a apresentação para três pessoas porque, para nós, era a chance de um bom e puxado ensaio geral. Adaptamos a peça de sua forma ao ar-livre para um palco italiano fechado por todos os lados. Foram 3 ensaios na Sala 402, depois 4 apresentações para o SESC, todas em palco italiano, 2 ensaios no Renascença, sendo que apenas um com luz. Fizemos para nós e presenteamos nossos três convidados. Mas, hoje a situação é diferente. Não posso exigir que 6 atores e 2 músicos, 8 pessoas, façam a peça para 4 pessoas. Artistas e platéia ficam constrangidos com taal situação. A química  não acontece. O teatro não se completa. Penso no espetáculo de ontem, assisto a improvisação dos atores e dos músicos (que o público pode assistir também), e não entendo porque o público não vem. Só a música do Arthur e do Adolfo, seu aquecimento, seus improvisos, sua trilha, já valeriaa o preço do ingresso... Que vazio que dá na gente. Quase 100 pessoas outra vez.
ATENÇÃO PARA OS HORÁRIOS E PREÇOS:

SEXTAS E SÁBADOS - 21 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
DOMINGOS - 19 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
SEGUNDA, TERÇA, QUARTA E QUINTA - 20 HORAS - 10,00 E 5,00 REAIS
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Estacionamento no local
Ambiente climatizado

TEMPORADA II - SEGUNDO DIA

Contrariando a lenda teatral de que o segundo dia é o pior, fizemos uma apresentação primorosa neste sábado. Tudo parecia contribuir para uma excelente apresentação. Tudo funcionou. Luz, Música, Elenco... Tudo se funde naquilo que se chama espetáculo. Deu pra enxergar a peça. Vislumbrar o que ela pode ser. Estava particularmente linda e eficaz. A performance dos atores estava quente. Fiquei amplamente satisfeito. O público cresceu tremendamente: 14 pessoas. Pobres atores,. Haja reposição de energia. Mesmo com apenas 14 pessoas na platéia, é um daqueles dias que a gente sai recompensado do teatro, cheio de si, achando que perde quem não vier assistir. E continuamos em cartaz todas as noites até domingo, 23 de maio.
ATENÇÃO PARA OS HORÁRIOS E PREÇOS:

SEXTAS E SÁBADOS - 21 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
DOMINGOS - 19 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
SEGUNDA, TERÇA, QUARTA E QUINTA - 20 HORAS - 10,00 E 5,00 REAIS
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Estacionamento no local
Ambiente climatizado

TEMPORADA II - QUASE 100 PESSOAS


Como sempre tragédia acaba em riso, acabamos rindo do fato de ter apenas 3 pessoas na reestréia dos Solos Trágicos. Três pessoas... Uma lástima que tenha que ser assim. Estamos no teatro errado. Estamos num teatro de 300 lugares. Isolamos as cadeiras laterais e metade das centrais porque achávamos que não viriam muitas pessoas. Mas, três pessoas... o público foi abaixo da mais pessimista expectativa. Fracasso total. Diz a lenda que este mal ataca muitos espetáculos em segunda temporada. Um motivo seria porque todo mundo que tinha interesse em assistir, já assistiu na primeira temporada. Outro: o espetáculo não recebe o mesmo espaço de divulgação na mídia, ou seja, na estréia recebe um destaque (?) que não recebe quando volta a cartaz, o que quer dizer que não recebe espaço nenhum. Realmente, uma lástima. A peça ficou linda no palco do Renascença. Foi possível fazer apenas dois ensaios, por causa das agendas dos atores e da agenda do teatro. Mesmo assim, a peça ganhou muito com as condições oferecidas pelo palco do Teatro Renascença.. Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem... Três pessoas. Todos sentiram o impacto negativo que isto significa, mas, como não se trata da primeira nem da última vez, que isso vai acontecer, inventamos uma piada para rir do trágico: divulgaríaamos pela internet, pra todo mundo que "um público de quase 100 pessoas..." Realmente, muito divertido.  Continuamos em cartaz até domingo, 23 de maio, todas as noites.
ATENÇÃO PARA OS HORÁRIOS E PREÇOS:

SEXTAS E SÁBADOS - 21 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
DOMINGOS - 19 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
SEGUNDA, TERÇA, QUARTA E QUINTA - 20 HORAS - 10,00 E 5,00 REAIS
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Estacionamento no local
Ambiente climatizado

quarta-feira, 12 de maio de 2010

SEGUNDA TEMPORADA - TEATRO RENASCENÇA


Solos Trágicos está de volta em cartaz. Agora faremos dez apresentações seguidas no palco do Teatro Renascença. A peça ficou um pouco diferente. Quem viu no espaço ao ar-livre pode até ver novamente para comparar as duas versões. Impossível fazer novamente no espaço do Cais do Porto. Sem suporte, apoio, patrocínio, não tem como. A estrutura fica muito cara. Além disso, teríamos que nos deparar com o excesso de boa vontade e amor pela cultura dos administradores do Cais. Não tem como. Por isso, entramos no edital do Renascença e ganhamos uma temporada. Serão dez apresentações durante dez noites seguidas.
Continuamos acreditando que o momento é oportuno para uma proposta teatral ligada a pesquisa na área da tragédia clássica. O momento humano, a ambivalência, o perverso ritmo alucinado do tempo, a violência generalizada, a banalização de todos os sentimentos, a fúria dos castigos naturais, a miséria cultural/informatizada a que chegamos, parecem nos forçar a procurar respostas em antigas tradições, como se quiséssemos investigar onde foi que perdemos o fio da meada.
SOLOS TRÁGICOS é composto de trechos de tragédias de Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Willian Shakespeare, Sartre e Michel Azama. São seis “árias” teatrais que buscam exprimir o sentimento inspirado pelo assunto de cada obra.
No elenco estão Daniel Colin, Isandria Fermiano, Rodrigo Fiatt, Fernanda Petit, Elisa Heidrich e Lucas Sampaio.

ATENÇÃO PARA OS HORÁRIOS E PREÇOS:
SEXTAS E SÁBADOS - 21 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
DOMINGOS - 19 HORAS - 20,00 E 10,00 REAIS
SEGUNDA, TERÇA, QUARTA E QUINTA - 20 HORAS - 10,00 E 5,00 REAIS
Classificação etária: 14 anos
Duração: 70 min
Estacionamento no local
Ambiente climatizado

domingo, 7 de fevereiro de 2010

SOLOS TRÁGICOS - FINAL DE TEMPORADA


EXORCISMO

Eu sei que eu precisava desse trabalho prá exorcizar os demônios que passamos juntos naquele velho Depósito de Teatro. Sinceramente, faço votos prá que um novo Depósito de Teatro nasça, porque tu e a tua história merecem!
Prá mim foi mais uma vez desafiador e engrandecedor trabalhar contigo. Apesar dos pontos negativos e dos momentos de "quase desistência", eu sempre aprendo muito convivendo contigo. Eu sempre digo que gosto de ser dirigido por ti porque realmente sinto que tu extrai de mim o que eu posso dar de melhor. E com o Solos Trágicos não foi diferente.
Valeu muito, velho!
Abraços com amor,
Dani

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

TRECHOS DO COMENTÁRIO DE RODRIGO MONTEIRO

(...) Não há dúvida: Porto Alegre é uma cidade bem servida de diretores teatrais. Mas, de fato, muitos precisam comer bem mais feijão para se aproximar de quem também se chama Modesto Fortuna. E, para que não se pense que o calor da hora ainda não passou e se reflete nessa consideração, explico: noto que, quando vou ver uma peça do diretor X, Y ou Z eu já sei o que vou ver. Já sei que vai ser uma peça tradicionalista, já sei que vai ser um espetáculo sem cenário, já sei que vai ter muitos vídeos, já sei que os atores vão gritar muito, já sei que vai ser uma produção muito cuidadosa, etc, etc... Como poucos, no entanto, Roberto Oliveira me dá duas certezas: já sei que vou ver algo que o diretor, até então, nunca fez e que, para ele, é um desafio. E tenho a certeza de que vou ver algo bom. “Solos Trágicos” é o exemplo da vez.
(...) Então, vem o coro e outros elementos surgem, muitas vezes, em direções opostas ao texto dito. O texto dito é só um texto pronunciado. Completamente descontextualizado, unido a outros textos e de outras partes da mesma história, e, ainda, acompanhado de personagens de outros tempos e luzes com outras propostas e uma trilha proposital (os músicos) e não proposital (os sons do ambiente) motivadora, sua força semântica se perde totalmente. Dele, das palavras ditas, fica quase sempre apenas o som. Convocação: O que esses personagens têm a ver com isso? O que esse ator está dizendo? Por que ele está assim vestido? Que barulho é esse? Olha aquela luz lá!!! Meldeuz, que imagem linda!
(...) Os rostos de quem recebe a peça me dizem muito: poucos parecem entender o que estão vendo, mas ninguém tira os olhos da cena em nenhum momento. (...) Em “Solos Trágicos”, me senti na platéia de Show Boat: você sabe que tem muita coisa ali, você sente que é algo muito bom, mas você não sabe o que é, você não domina, é alheio a você. Que raiva!
A motivação desse novo espetáculo do “Depósito de Teatro”, um dos grupos mais importantes da história do teatro gaúcho, é o constrangimento. Roberto Oliveira e sua equipe de produção desorganizam o público, nos deixam atônitos com tamanha carga sígnica, expressam na dramaturgia encenada a realidade vivida por quem não é Édipo, mas está em frente à Esfinge: ou responde, ou morre.
Em termos técnicos, pouco não deve ser elogiado na produção. O elenco é excelente, estando na surpreendente força de Fernanda Petit a concretização da força de Oliveira em fazer os músicos andarem com seus sons, em fazer a luz de Cláudia de Bem espalhar o espaço e aumentar o lugar, em motivar a concepção de figurinos que gritem tanto quanto e não menos do que qualquer outro elemento. As vozes dessa produção são, com apenas uma exceção, afinadas.
Para ler o comentário na íntegra acesse:
http://teatropoa.blogspot.com/2010/01/solos-tragicos.html

SOLOS, UMA PARÁBOLA - JÚLIO ZANOTTA VIEIRA

O teatro sempre está numa encruzilhada e são poucas as montagens que pegaram o caminho certo e menos ainda as que esperaram a meianoite para ver se conseguiam um encontro com o Cara. Um encontro destes é difícil, às vezes é preciso apostar a vida para conseguir uma hora na agenda do Maligno. Os grupos que apostaram e encontraram o Rei das Trevas ou foram varridos para o fundo dos oceanos ou obtiveram um salvo conduto para atravessar o Vale de Lágrimas. Os que afundaram no oceano, sumiram ou chegaram à praia transformados em espuma. Os que encararam a travessia do Vale de Lágrimas ou venderam seu corpo para chegar ao Outro Lado, ou venderam sua alma.
Cabem numa mão os espetáculos que chegaram ao Outro Lado.
Talvez tenham encontrado Dionísio e A Origem da Tragédia, talvez São João e o Apocalipse.
Vamos supor que apenas dois espetáculos chegaram ao Outro Lado.
Um vendeu sua alma e quando chegou era apenas um corpo descarnado. O outro vendeu seu corpo e quando chegou era apenas uma alma errante.
No Outro Lado eles começaram um diálogo, que foi mais o menos o seguinte:
CORPO DESCARNADO _ Oi, tudo bem.
ALMA ERRANTE _ Tudo bem, e aí?
CORPO DESCARNADO _ As coisas estão difíceis, né?
ALMA ERRANTE _ Já estiveram piores, lembra como era antes?
CORPO DESCARNADO _ Antes do que?
ALMA ERRANTE _ Antes de entrarmos nesta.
CORPO DESCARNADO _ Esta é a única coisa que faz sentido, a única coisa pela qual sou capaz de tudo.
ALMA ERRANTE _ Estou vendo. Ao chegar ao Vale te prostituístes...
CORPO DESCARNADO _ Não havia outro jeito de continuar... Mas muito pior foi tu, que traístes o que acreditavas.
ALMA ERRANTE _ Não é fácil atravessar o Vale de Lágrimas.
CORPO DESCARNADO _ A gente atravessa, mas a que preço!
ALMA ERRANTE _ Nem me diga, eu é que sei!
Nisto, eles saíram a um descampado onde havia uma árvore retorcida pelo vento e um amontoado de entulho. Havia ali uma galera tentando sobreviver, tentando dizer alguma coisa. Era um grupo de teatro.
CORPO DESCARNADO _ Veja. Eles estão interpretando um texto de Eurípedes. Mas não tem alma.
ALMA ERRANTE _ E agora, isto é Shakespeare. Mas falta corpo.
Havia um músico tocando fagote e outro na percussão. De um lado galpões abandonados, do outro uma Usina reciclada. Um ventinho frio vinha do rio. Ah! Então este grupo acha que é moleza?
O Corpo Descarnado se propôs ajudar.
CORPO DESCARNADO _ Vou emprestar pra eles meu corpo.
A Alma Errante também ficou a fim de dar uma força.
ALMA ERRANTE _ E eu vou emprestar pra eles minha alma.
Os dois se aproximaram e sentaram na arquibancada. Mas tiveram uma surpresa. Em cena, um Corpo Descarnado estava possuído por uma alma errante. E um coro de Almas Errantes formava um corpo descarnado.
Júlio Zanotta Vieira é dramaturgo.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

MOTIVOS PRA VER A PEÇA 4 - FOTOS BETHÂNIA DUTRA


Mais um motivo para ver a peça. De uma olhada no link abaixo. As fotos são de Bethânia Dutra.

MOTIVOS PRA VER A PEÇA 3 - FOTOS LUTTI PEREIRA

Para ver as fotos que o Lutti Pereira fez na estréia da peça é só acessar:

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MOTIVOS PRA VER A PEÇA 2 - FOTOS MODESTO FORTUNA

Também o célebre fotógrafo Modesto Fortuna, famoso por suas fotos fora de foco, apareceu um dia desses e cliqou o espetáculo com sua Pentax. Para conferir acesse:

MOTIVOS PRA VER A PEÇA 1 - FOTOS KIRAN

O fotógrafo Kiran fez fotos belíssimas na  noite de estréia da peça. Quem quiser dar um olhada nas imagens do espetáculo pode acessar:  http://picasaweb.google.com.br/rober.s.oliver/SolosTragicosFotosKiran

SOLOS TRÁGICOS - SESSÕES EXTRAS

SOLOS TRÁGICOS FAZ SESSÃO EXTRA

PRA NÃO DEIXAR NINGUÉM DE FORA VAMOS FAZER DUAS SESSÕES NO SÁBADO (30/01) E NO DOMINGO (31/01).
SESSÃO NORMAL ÀS 21 HORAS E SESSÃO EXTRA À MEIA-NOITE. UMA SESSÃO MALDITA À BEIRA DO GUAÍBA "EXATAMENTE NA HORA DOS FEITIÇOS NOTURNOS, QUANDO OS CEMITÉRIOS BOCEJAM E O PRÓPRIO INFERNO SOLTA SEU SOPRO PESTILENCIAL SOBRE O MUNDO!". VALE À PENA. O LUGAR É MARAVILHOSO E A PEÇA TAMBÉM. A ENTRADA É GRATUITA. TEM ESTACIONAMENTO. TEM QUE TRAZER UM CASAQUINHO.  O PONTO DE ENCONTRO É NA USINA DO GASÔMETRO. A DURAÇÃO DA PEÇA É DE 1 HORA E 45 MINUTOS. A TEMPORADA É ÚNICA.

domingo, 24 de janeiro de 2010

SOLOS TRÁGICOS - FUNARTE


Essa foto é especial para o patrocinador. Solos Trágicos foi contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, então como consta no regulamento colocamos dois banners na entrada do "teatro".

SOLOS TRÁGICOS - PROGRAMA


Esta é a parte interna do programa da peça com os nomes de todos os participantes da montagem e dos patrocinadores e apoiadores. 

NASCERAM OS SOLOS TRÁGICOS



Como estava previsto no nosso cronograma de trabalho, dia 22, sexta-feira, lua crescente, estreamos os Solos Trágicos. Com a presença atenta da minha querida orientadora, Profa. Marta Isaacsson, sentada na primeira fila, a peça estreou com aquela habitual sensação de nervosismo de toda equipe envolvida no projeto. Uma agradável excitação provocada pelo momento único em que a obra criada é apresentada ao público. Temores, inseguranças, expectativas. Tudo contribui para gerar uma espécie de descarga extra de adrenalina, principalmente nos atores. Nada que não possa ser controlado já nos primeiros da apresentação.
O público, formado por quase 100 pessoas, foi conduzido para o espaço. Pareciam também excitados. Estavam felizes e receptivos. O ineditismo da proposta e a beleza e encantamento do lugar provocavam na platéia um saudável frisson. Logo após a cena de abertura, realizada de surpresa no meio do caminho, acomodaram-se rapidamente nas arquibancadas. E a peça começou. Os sobreviventes começaram a destacar-se dos escombros. Fatos recentes, como por exemplo, o terremoto ocorrido no Haiti, facilitaram o acesso ao imaginário e aos sentimentos da platéia. Os solos foram transcorrendo um após o outro. Pequenos problemas eram solucionados pelos atores. O público parecia atento. Somente no terço final da peça pude notar um certo cansaço da platéia, provocado mais pelo desconforto dos assentos e pelo frio noturno da beira do Guaíba, do que pela sucessão de cenas trágicas do espetáculo.     
Quanto a mim, acho difícil definir minhas próprias sensações. Fico calmo porque não sou eu que estou em cena e sei que não tenho como interferir diretamente na peça. Sinto uma tremenda inquietude. É para mim bastante difícil ficar sentado assistindo o espetáculo. Levanto, caminho, a cabeça à mil, tentando antecipar situações e enviar mensagens telepáticas de alerta ao atores. Aflição. Será que o público está gostando? Será que estão atentos? O espetáculo consegue atingí-los?
Somente no final, ao ouvir o vigoroso aplauso do público, é que nos acalmamos e tomamos conhecimento de algumas respostas às nossas expectativas: eles pareceram ter aprovado o espetáculo. 

SOLOS TRÁGICOS - ENSAIOS ABERTOS


Na verdade, podemos dizer que a partir do momento que começamos a ensaiar no espaço, todos os ensaios eram abertos, e em alguns deles, aconteceu mesmo de juntar algumas pessoas. Mas, na quarta e quinta (20 e 21) anteriores a estréia realizamos mais dois ensaios abertos ao público. O primeiro ainda sem a iluminação e o segundo, mais completo, já com testes de luz. No ensaio de quarta ainda faltavam alguns elementos cênicos, e também não tinham chegado todos os figurinos. Foi um ensaio bastante técnico, onde os atores, além de manipular objetos e vestir figurinos pela primeira vez, buscavam memorizar as inevitáveis alterações de última hora. Muitos erros aconteceram. Todos proveitosos, já que nos ensaios que os erros devem acontecer. 
Na quinta tudo estava praticamente completo: figurinos, acessórios, iluminação, etc. Poucas coisas estavam faltando. Alguns objetos foram descartados pela direção e os atores tiveram que adaptar-se rapidamente as novas situações. Houveram também algumas modificações e adequações de cenas. Mais alguns erros surgiram. Tempos que se alongaram ocasionados pelas trocas de figurinos. Apareceram problemas que deveriam ser solucionados para a estréia marcada para a noite seguinte. 
Foto: Lutti Pereira.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

SOLOS TRÁGICOS COM ENTRADA FRANCA


Mudança de planos. Como o espetáculo está integrando a programação oficial do Fórum Social Mundial, todas as apresentações serão gratuitas. Para assistir a peça basta retirar uma senha que será distribuída a partir das 20h00 no andar térreo da Usina do Gasômetro. O espetáculo se apresenta de 22 a 31 de janeiro, todas as noites, às 21 horas. Tudo indica que será uma temporada única, portanto, quem curte uma boa tragédia, num espaço alternativo, agende-se pra não perder a oportunidade.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

SOLOS TRAGIKOS - CARTA NA MANGA


Somente agora, a apartir deste último final de semana, tivemos uma adesão maravilhosa ao Projeto: Elton Manganelli, pintor , escultor, cenógrafo, figurinista, ator, criador do Remendão, antigo amigo e colega de palco. Elton é formado em Artes Plásticas pelo Intituto de Artes da UFRGS. Ele se integra como aderecista e, com certeza, vai me dar uma força na ambientação cenográfica do espaço. Bem-vindo. Mais um grande ponto para o projeto.

SOLOS TRAGIKOS - RETA FINAL


Enquanto aguardamos ansiosamente o pessoal do Gabinete do Vice-Prefeito José Fortunati liberar definitivamente o espaço junto ao Cais do Porto, continuamos ensaiando. As cenas estão sendo finalizadas. Cada ator cuida do seu solo agora, exlorando detalhes da interpretação. Os figurinos estão chegando. Alguns adereços substituem aqueles objetos que eram uitilizados apenas para fins de ensaios. Faltam poucos dias para a estréia e não conseguimos a liberação para entrar com o material do cenário. A burocracia sempre emperra os caminhos da arte, ainda mais quando combinada com a mesquinharia das disputas políticas e picuinhas entre administradores que se acham proprietários dos espaços públicos que administram.

SOLOS TRÁGICOS - ILUMINADORA


Mais uma pra engrossar o time dos Solos Trágicos. Ela é uma colecionadora de Açorianos e outros prêmios. Claúdia de Bem, diretora, iluminadora, atriz e produtora.  Uma das mais importantes e conceituadas iluminadoras da cidade e do país. Já iluminou peças de: Luciano Alabarse, Décio Antunes, Biño Sawitzvy, Roberto Oliveira, Nelson Diniz, Luiz Paulo Vasconcellos, Gerald Thomas(RJ), Celina Sodré(RJ), Christiane JatahY(RJ), Bruno Furlanett(RJ) e o cenógrafo português José Manoel Castanheira (Lisboa). No circuito nacional e internacional da música, tem trabalhado com artistas como Cida Moreira, Ná Ozzetti, Tom Zé, José Miguel Wisnick, Hamilton de Holanda, Bebeto Alves, Monica Tomasi, Nelson Coelho de Castro, Angela Diel, Adriana Defentti, Ute Lemper entre outros. Durante anos trabalhou como assistente do designer de luz carioca Wagner Pinto.
Querem mais? Claúdia foi responsável pelo desenho de luz do Projeto Estacion Brasil no Festival de Outono de Madrid e Buenos Aires e Noites Brasileiras, em Buenos Aires, 2003 e 2004.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SOLOS TRÁGICOS - FIGURINISTAS


Acima, na foto, aparecem:
Coca Serpa, que na minha modesta fortuna opinião, é a mais importante figurinista de Porto Alegre. Se não acredita, dá uma olhada nos 39.100 resultados que o google tem para o seu nome. Dona de trocentos e sessenta e tantos Açorianos como figurinista, Coca tem, para mim, seu nome assiciado as produções da Cia. Stravaganza.
Francisco Macalão de Los Santos, ou Francisco de Los Santos, ex-Chico Perereca, (326 resultados), com sua doce filha Carmem no colo. Chico, além da amizade antiga, é meu parceiro um vários figurinos. Ele tem curso de moda e uma enorme experiência adquirida nos barracões carnavalescos do Salgueiro, e na criação e execução de vários figurinos para peças das Oficinas de Formação do Depósito de Teatro e espetáculos profissionais (?) do grupo, entre os quais DR. QS - QURIOZAS QOMÉDIAS, pelo qual recebeu o Açorianos de Melhor Figurino.
Pois, os dois embaracarão comigo na criação e customização de um figurinos para os solistas e para os diversos coros que aparecem na peça. As dificuldades são muitas. Afora as financeiras, acho que o maior problema está na definição exata de quem são estes sobreviventes?  Quem são os indivíduos que formam cada coro? Como vesti-los de maneira rápida, prática e artística?
Hoje fizemos nossa primeira reunião para troca geral de idéias. Tentei explicar alguns hiatos que ficaram a partir do ensaio que cada um viu. Cheio de dúvidas, me bombardearam de perguntas. Dei-lhes as respostas que tinha e prometi pensar nas que não tinha. Sábado nos veremos novamente. Espero saber mais algumas coisas.
Mais dois pontos para o projeto.

domingo, 20 de dezembro de 2009

SOLOS TRÁGICOS - TEMPORADA ÚNICA


As apresentações para o público iniciam a partir do dia 22 e seguem, diariamente, até o dia 31. Tudo indica que será uma temnporada única. Portanto, não deixe para ver depois. Isso já aconteceu com O BARÃO NAS ÁRVORES DA REDENÇÃO, que fez apenas 8 apresentações no Parque Farroupilha, e com O PAGADOR DE PROMESSAS que realizou o dobro na Igreja das Dores. HILDA HILST in CLAUSTRO fez 12 no Hospital São Pedro, e MEDUSA DE RAYBAN conseguiu fazer 24 no espaço que hoje é o Teatro Bourbon.
Os ingressos NÃO ESTÃO MAIS À VENDA, PORQUE A PEÇA SERÁ APRESENTADA GRATUITAMENTE.

SOLOS TRÁGICOS - A IDÉIA CENTRAL DO PROJETO


A idéia central que move o Projeto SOLOS TRÁGICO é uma pesquisa sobre a tragédia através dos tempos e como expressar o sentimento trágico para o público contemporâneo.
Na história que estamos criando, no universo para o qual estamos imaginando transportar o público, trabalhamos com a ficção de que aconteceu um acidente natural, um desastre ecológico, um terremoto, avalanche, algo do gênero, que atingiu o local onde se passa a peça. Com algumas pessoas nada aconteceu, e estas são as "pessoas" representadas pelos diversos coros da peça. Outras pessoas formam o grupo dos sobreviventes, aqueles que sofreram ferimentos, mais ou menos graves, mas a ponto de lhes causar alguma limitação física. Estes são os solistas. Existe um último grupo: aquele dos que morreram em tal desastre. Este papel está destinado ao público.
A peça começa com o instante seguinte uma catástrofe causada pela natureza, que é dos grandes temores da nossa época. Os atores surgem de escombros. Estão mutilados. Cada um deles sofreu uma perda física. E é assim, cada um com sua limitação física, que presentificarão seu solos, diante de uma montanha de mortos, e acossados por coros que podem ser visões da morte, que lhes escarnece as dores, que se compadece dos seus medos terríveis:  Deus está contra nós? Deus existe ainda?  Quanto se torna vã a vida humana diante de um poder destruidor tão grande? Percebamos a instantaneidade de nossa humana vida, nossa efemeridade. Reconheçamos nossa incapacidade de prever todos os momentos de nossas vidas. Quando fizermos isto, seremos forçados e rever uma série de valores herdados do século passado e aproveitar intensamente, dionisiacamente, nossas vidas. Acredito que a tragédia tem o poder de re-ligar os atores e os espectadores.  

COM O PÉ NA ESTRADA


Finalmente, depois de uma longa, burocrática e angustiante espera totalmente desnecessária, colocamos o pé no local onde vamos realizar o espetáculo. Quinta-feira, dia 17 de dezembro, véspera do ensaio aberto, realizamos nosso primeiro ensaio nesta área que aparece na foto. A área "pertence" ao Cais do Porto. Depois de uma breve exploração, delimitamos o espaço com pedras e "passamos" alguns solos.
Foi necessário solicitar a intervenção do próprio Secretário Municipal da Cultura, Sergius Gonzaga, para chegar a um acordo entre as partes. As partes, no momento são: o Cais do Porto "dono" do local; a Secretária da Cultura, que pode ser parceira neste nosso projeto de colocar teatro em locais alternativos, chamando atenção para os mesmos (ver depositodeteatro.blogspot.com); o Fórum Social Mundial, a quem o espaço está cedido para a realização do mesmo; o Gabinete do Vice-Prefeito José Fortunati, na pessoa da Sra. Isabel Bretanha, sua assessora direta, que são quem está concretamente trabalhando na organização do Forum junto com as diversas entidades que o compõem.
A partir de uma conversa telefônica entre o Secretário Sergius e o Sr. Ronaldo, diretor do Cais, o assunto começou a ser deslindado e todos chegaram a conclusão (cá entre nós, óbvia) que ter uns malucos fazendo uma peça de teatro ali poderia ser "um bom negócio" para todos e, principalmente, para a cidade de Porto Alegre, que afinal, é pra quem todos os envolvidos no assunto trabalham.
No nosso primeiro ensaio, o sol estava incandescente, mas a temperatura era amenizada por um ventinho refrescante que soprava continuamente. Havia sombra na "área de atuação" para favorecer aos atores. Bom augúrio dos Deuses. O elenco, me pareceu, sentiu-se impactado pelo local. Nem todos ficaram entusiasmados com o "espaço alternativo". Tive que insistir para começar a sequência de exercícios de aquecimento corporal e vocal. Mas depois que batemos uma bola jogando "passa-bola", todo mundo já estava dentro do ensaio. Ensaiamos quatro solos. Tentamos dar uma organizada nos coros. Dar sentido para as coisas. Pra mim o espaço é tremendamente inspirador e o primeiro ensaio ali foi amplamente proveitoso, tanto para perceber algumas dificuldades (vento contra, voz, presença do ator), quanto para vislumbrar as amplas possibilidades de "utilização" do local. Em janeiro, vamos ensaiar direto no local.
A foto é do Lutti Pereira.

PRIMEIRO ENSAIO ABERTO 3


Para nossa surpresa, além da Profa. Marta Isaacsson, orientadora do projeto, 16 pessoas compareceram ao ensaio aberto, que foi divulgado apenas pela internet e à boca pena entre amigos. Os amigos não foram, mas pessoas interessadas apareceram e se dispuseram a conversar sobre o que viram. O ensemble dos espectadores encontrou o ensemble dos atores ainda na fase de preparação, naquele momento em que o ator começa a "entrar no personagem". Desde o primeiro momento pareceram absorvidos pelo clima ja instaurado na sala. Realizamos os últimos preparativos. A ordem dos solos foi sorteada e começamos o ensaios aberto. A apresentação durou 75 minutos. Sete solos acompanhados de seus coros e das improvisações entre um solo e outro. Tudo ocorreu sem cenário, com a maioria dos atores vestindo roupa de trabalho ou apenas sugestões de figurinos, com uma iluminação branca sem maiores cuidados e com pedaços de trilha sonora que a gente vem utilizando nos ensaios. Mesmo assim, ao final, quando algumas pessoas da platéia manifestaram suas opiniões, deu pra perceber perceber que havíamos causado um impacto positivo. Em suas falas, os espectadores atingiram o cerne do trabalho: falar sobre efemeridade da vida humana. Particularmente, fiquei muito feliz com este primeiro ensaio aberto. 

PRIMEIRO ENSAIO ABERTO 2


A noite do nosso primeiro ensaio aberto começou como se fosse uma noite de ensaio qualquer. Seguimos nossa rotina de trabalho: um aquecimento corporal composto de uma série de alongamentos e uma série de exercícios de força; depois o aquecimento vocal baseado num conjunto de exercícios propostos pela nossa preparadora vocal Lígia Motta, e, finalmente, uma hora de trabalho de movimento corporal, com ou sem música, e exercícios de sensibilização, sendo que no último momento deste "aquecimento", tenta-se criar um clima especial que conduza o elenco diretamente de encontro as exigências dos seus papéis. Peço-lhes que se concentrem em imagens, textos, palavras, movimentos pesquisados anteriormente, objetos e elementos que utilizam, enfim todo um conjunto de coisas que chamamos de material, para que, aos poucos, aproximem-se dos seus personagens. Primeiro, apenas com o corpo, depois com a utilização de objetos.
As 21 horas, horário marcado para iniciar o ensaio aberto, sem avisa-los, fiz com que o público entrasse na sala e assistisse um pouco do trabalho preparatório, que a esta altura, já alcançara uma forte densidade e concentração. Passamos daí, direto para a apresentação dos sete solos que vêm sendo ensaiados. Foi uma surpresa para os atores. Mas eles rapidamente entraram no jogo e, corajosamente, escolheram a forma de sorteio para definir a ordem em que seriam apresentados os solos. E começamos.

PRIMEIRO ENSAIO ABERTO 1


Até este momento, pouquíssimas pessoas haviam tido a possibilidade de assistir o processo de criação do nosso trabalho. Fechados na SALA 402 da Usina do Gasômetro (depois de concluir que era impossível ensaiar nas salas do DAD), atual sede do Depósito de Teatro, fomos criando os solos e os coros que fazem parte da nossa peça.  Procuro colocar-me, durante os ensaios, no papel do espectador. Busco ser o que Grotowski chama de "espectador de profissão", para estabelecer um elo entre a criação do ator e, digamos, a compreensão da platéia. Até que ponto isso funciona? Até que ponto, por fazer parte do processo, não perco os parâmetros que me aproximam do olhar do público?
Por essas e outras coisas é que sou adepto do ensaio aberto, a chamada mostra de processo. Colocar o material, no ponto em que se encontra, em contato com o público, permiti, tanto ao diretor, quanto aos atores, reorientarem suas bússolas em direção a uma melhor comunicação com a platéia.
Assim, hoje teremos nosso primeiro ensaio aberto. A peça ainda está bastante crua. Não tem um começo, nem tem um fim. Os coros estão apenas esboçados. Os solos não possuem uma ordem definida, e nem podem ser considerados "prontos". Em tudo, ainda vigora um enorme espaço aberto à experimentação. Mas, mesmo assim, e apesar de tudo isso, vamos nos colocacr diante do público, buscando sentir como reagem ao material que lhes será apresentado.