domingo, 10 de abril de 2011

SOBREVIDA NEGADA


Surgiu no horizonte uma bela chance de sobrevida para nosso espetáculo SOLOS TRÁGICOS. Não deu em nada. A chance foi negada. E pasmem: por uma comissão daqui que deixou a peça de fora de um festival feito aqui que é organizado por um grupo de teatro de grupo daqui.
Inexplicável.
Em algum dos posts deste blog, falo da dificuldade de manter em cartaz espetáculos que viajam por uma vertente mais, digamos, experimentalista. A chance de manter o espetáculo vivo se vincula principalmente a possibilidade de participar de festivais.
Enviamos propostas para muitos festivais. Apresentamos apenas no Porto Alegre em Cena, que não quis bancar a peça em seu espaço original quando muitas vezes constrói espaços idênticos aos originais de outras peças, de outros diretores; e no Caxias em Cena, que teve a coragem e o entendimento de nos colocar num maravilhoso espaço-cenário ao ar-livre.
A grande chance daquilo que poderia ser um prolongamento da vida do espetáculo, um retorno à vida, era ser classificado para o “nosso” festival de teatro de rua, que é o 3° Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre, realizado por gente de teatro e que está acontecendo neste momento em vários pontos da nossa cidade. A grande oportunidade que o espetáculo teria de se reencontrar com o público em seu espaço original não rolou. 

Na certa, a comissão (sempre se trata de uma comissão) julgou que nosso espetáculo era híbrido, por haver se apresentado no palco do Teatro Renascença. Pensamento que, além de preconceituoso, é cego. Não percebe que é de rua um espetáculo que nasce na rua, que ensaia e se organiza como espetáculo na rua. É de rua porque investe mais de um terço de seu orçamento em criar condições para que o espetáculo seja apresentado em determinado espaço não-convencional ao ar-livre. É de rua porque teatraliza, dignifica e faz com que o público absorva o lugar com um olhar diferenciado que preenche o espaço de singularidade.
Deixa de ser de rua porque somos forçados a nos prostituir no afâ de dar uma continuidade para a peça. Deixa de ser de rua porque um dos maiores festivais de teatro do país decide colocar a peça num palco. E esta decisão é pegar ou largar.
Bola preta para esta comissão.
Bola preta para SOLOS TRÁGICOS.
Pois é... E daí? Daí que, depois dessa, acho que agora chegamos mesmo ao final. Lamento, mas este é último post deste blog. 

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