sábado, 9 de outubro de 2010

NÚMERO 26 - CAXIAS EM CENA

A foto é do Vilmar Carvalho. Na foto, Lucas Sampaio, o Prisioneiro. O solo do Lucas saiu da peça Cruzadas de Michel Azama.

Pois, apresentamos em Caxias. Nossa viségima-sexta apresentação. Na rua. E não choveu. Fomos atenciosíssississimamente, bem recebidos pela Magali Quadros e Ângela Lopes, Coordenadoras do Festival, e pelo sorriso afável do João Tonus, secretario da cultura interino. É como se o Luciano Alabarse fosse o nosso anjo. E o Sergius Gonzaga nosso produtor de palco. Todas as coisas que pedimos estavam lá. Maravilha.
Como a peça trata com algumas poderosas energias contidas na tragédia, aconteceram algumas coisinhas que ameaçaram o desenvolvimento tranquilo do espetáculo, quase nada de comprometedor, pelo contrário, pelo menos um acontecimento, contribuiu enormemente para a eletrização da apresentação. Aconteceu de tudo: alguém disse que a arquibancada estava caindo e provocou um começo de debandada bem perigosa numa grande parte da platéia. O tempo virou. Durante o dia, estava completamente ensolarado, vento sul, uma brisa forte. No meio da peça, o vento virou uma ventania. A temperatura despencou e baixou o frio da serra. Um efeito de luz falhou. Deu problema na hora. E outras pequenas coisinhas.
Mas, um vizinho, que já pela manhã havia prometido invadir e interferir na peça, cumpriu a palavra, e aproximou-se e quase invadiu a área de atuação, o espaço dos atores. A coordenação de evento imediatamente chamou a guarda municipal e a brigada militar. Pois, a presença ostensiva da força policial, que ficou a vista do público, não só intimidou o vizinho, como contribuiu na atmosfera do espetáculo.
A apresentação foi linda. Comovente. Os espectadores aplaudiram com muita força no final. Talvez tenha sido a melhor apresentação da peça até o presente momento.
O cenário colaborou demais. Maravilhosos pavilhões caindo aos pedaços. Destruídos como se tivessem sofrido uma forte ação da natureza. Utilizamos a arquitetura do espaço do início ao fim da peça. A luz do João Dadico ficou muito boa. Efeitos de fogo e fumaça. E mais o tempo se transformando, as estrelas sumindo aos poucos, a noite escurecendo cada vez mais. Foi lindo. Vou conseguir umas fotos e colocar aqui no blog.
Em algum momento do dia, João Tonus me falou que todos aqueles velhos pavilhões de madeira serão transformados num museu contemporâneo e interativo. Algo como o Museu da Puc. Achei maravilhoso, mas mesmo assim eu lhe propus que cedesse pelos menos um daqueles prédios para o Depósito de Teatro e eu me transferiria pra Caxias imediatamente. Parece que a cidade, apesar do crescimento tremendo, ainda sabe tratar bem e admirar os seus artistas. Porto Alegre já perdeu há muito tempo o contato com isso.

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