No terceiro volume de uma coleção chamada Dramaturgia Francesa Contemporânea, cujo título é O Corpo Poético - Uma aula sobre a Criação Teatral, tem um pequeno capítulo sobre a Tragédia. Lecoq começa dizendo o seguinte: "a tragédia é o maior território dramático existente, mas é também o maior teatro que fica por fazer." Depois de discorrer sobre a importância de se re-inventar uma tragédia atual, Lecoq assinala dois elementos que estruturam a tragédia: o coro e o herói. E descreve a cena:
Um coro entra em cena ao som de percussões que dão um ritmo ao coletivo. Ocupa todo o espaço, mas logo se retira para um dos lados. Ao fazer isso, libera um novo espaço e cria uma espécie de chamado ao herói. Mas, quem pode vir a ocupar este espaço? Que equilíbrio pode ser encontrado hoje entre o coro e o herói?
Lecoq propõe um exercício: "Nós imaginamos uma grande praça (...) e pedimos a um aluno que atraia a atenção dos outros com todos os meios possíveis. Quando consegue, deve convencê-los da importância de um tema polêmico sobre o qual ele defende um ponto de vista em que acredita. Por exemplo, contra ou a fovao ao aborto, sobre a imigração, sobre energia nuclear, etc. A natureza do discurso importa menos do que a capacidade do ator para captar seu auditório."
Num segundo momento entra um segundo ator que se cotrapõe ao primeiro. Depois, formam-se dois grupos se formam para ouvir os oradores e dão inicio as premissas do coro.
Lecoq, como outros autores, destacam a importância do coro: "O coro é um elemento essencial, o único que permite liberar um verdadeiro espaço trágico." Acredita que o coro está sempre reagindo aos desenrolar da ação e, então, propõe exercícios para buscar uma reação-coro. Aconselha a buscar um centro de gravidade, uma respiração e também, a tomar diferentes formas segundo a situação em que se encontra. Mais adiante sugere que o coro seja formado por sete ou por quinze atores e justifica o porquê destes números. Do alto de sua experiência determina que: A grande lei do coro trágico é a de não estar nunca do lado da ação, e sim, sempre da reação."
Quase ao final do texto, Lecoq fala em "movimentos trágicos da natureza", e como não explica bem isso, devo pesquisar a exatamente que movimentos ele se refere. Vou transcrever o último parágrafo porque ele resume o conjunto do pensamento de Lecoq sobre o coro trágico:
O grande risco é chegar ao coro militarizado, demasiadamente organizado, limpo, líquido (límpido), no qual todo mundo marcha conjuntamente, porém sem vida. (...) O coro é a ordem do movimento".
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