sábado, 29 de maio de 2010

SOLOS CÔMICOS EM GRAVATAÍ

Seria mesmo cômico se não se tratasse de uma tragédia. Seria mesmo cômico se não fosse trágico. No domingo terminou a temporada do Renascença e na quarta faríamos pela última vez o espetáculo, apresentando-nos no maravilhoso Teatro do SESC de Gravataí. Não poderia ter sido pior. Para suprir a falta de divulgação e/ou garantir público para uma tragédia, o pessoal do SESC usou a velha estratégia de convidar escolas. Foi horrível. Esta política já se mostrou desastrosa desde o DAC-SEC, antigo programa cultural que levava peças infantis para o interior do estado..
Mas, para não dizerem que estou cuspindo no prato que comi, pois o SESC foi uma das entidades que nos propiciaram fazer a temporada de janeiro com entrada franca para todos, vou ceder o espaço para uma senhora, natural de Gravataí, que estava presente na fatídica apresentação:
"Absurdo o comportamento do público jovem no Teatro do Sesc de Gravatai, nesta quarta feira. Alunos completamente despreparados para o que iriam assistir, sem nenhum referencial, nenhum interesse, desaproveitando oportunidade e perturbando a parte da platéia que tentava envolver-se no clima de uma peça cheia de citações, de subtextos, de referências. E de uma absoluta atualidade. Eram piadinhas, risadinhas, clima de lancheria de posto de gasolina em noite de sábado. HORROR.
O grave, a meu ver, é que isso me parece consequência de desatenção do pessoal encarregado da distribuição de ingressos. Não é assim que se formam platéias. Adolescentes não estão NATURALMENTE preparados para um espetáculo denso como o que iriam assistir. Um professor de sociologia, de história, de literatura, conhecendo pelo menos a sinopse da obra, conseguiria, sem dúvida, trabalhar esses alunos, levando-os a aproveitar o espetáculo e a elocubrar sobre o mundo. Pena, realmente uma pena, o desperdício da beleza visual, cênica, musical, textual, do trabalho.
Roberto Oliveira é sempre garantia de um teatro impactante e precioso. Nos menores detalhes, na luz, nos tempos, nos cenários, no trabalho dos atores.
Preciosa, a música ao vivo de Arthur de Faria e de Adolfo Almeida.
Perdeu, quem não sabia do espetáculo e não foi. Perderam os jovens, que, despreparados, foram em clima de Zorra Total. Realmente, uma pena... (Rosemary Kroeff de Faria Silva).

2 comentários:

  1. Como alguém que morou em Gravataí durante bastante tempo e se sente como daquela saudade, fico com muita vergonha!

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  2. Bom, como ator da cidade, conhecedor da cultura de lá, fico bastante chateado com essa situação, mas sempre foi e infelizmente será assim por ainda por muito tempo por lá, pois essa infeliz tentativa do SESC de criar publico para teatro, n´s "classe" estamos trabalhando isso a anos, e sem sucesso, claro que hoje já existe um publico "cativo", mas são poucos, como disse a Prof. Rosinha, o pessoal da minha cidade é publico de "posto de gasolina".

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